terça-feira, 24 de julho de 2012

Hillary dá a deixa e ativistas marcham sobre DC


Hillary fala à AIDS 2012 (Ryan Rayburn/IAS)
Certamente por motivos de segurança, Hillary Clinton não foi anunciada. Mas foi ovacionada quando chegou à plenária desta segunda-feira da AIDS 2012. Diante dos aplausos, a secretária de Estado norte-americano disse, brincando, que não seria possível uma haver uma conferência internacional de AIDS sem manifestações da sociedade civil.

A brincadeira de Hillary parece ter sido a deixa para as diversas manifestações realizadas a partir do meio-dia desta terça-feira, por toda a cidade, que literalmente pararam a capital dos EUA. As cinco manifestações encontraram-se em frente aos jardins da Casa Branca e basicamente pediam mais recursos financeiros para a luta contra a epidemia. Não apenas para as pesquisas básicas, mas para a sociedade civil.

Mas, voltando à aplaudidíssima secretária de Estado, Hillary disse que estava naquela sessão para anunciar uma meta. “Mas antes disso deixem-me dizer cinco palavras que por muito tempo não fomos capazes de dizer: bem-vindos aos Estados Unidos da América. Estamos satisfeitos em finalmente tê-los aqui conosco novamente”, disse, referindo-se às restrições à entrada de pessoas soropositivas nos EUA, retiradas em 2010.

A secretária de Estado não falou apenas à audiência da primeira sessão plenária da AIDS 2012, mas, principalmente, aos ativistas norte-americanos que vêm criticando o governo de Barack Obama por não ter incluído no orçamento de 2013 recursos para o PEPFAR (o programa do presidente para o combate à AIDS). “PEPFAR está mudando emergencialmente para que possamos construir sistemas de saúde sustentáveis, que irão nos ajudar a finalmente ganhar essa luta para ter uma geração sem AIDS. Quando o presidente Obama tomou posse, nós sabíamos que se quiséssemos vencer a luta contra a AIDS não podíamos continuar a tratá-la como uma emergência. Tivemos que mudar fundamentalmente a maneira, como nossos parceiros globais fizeram.”

Apesar de não ter citado as populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV, como homens que fazem sexo com homens, negros, latinos e transexuais, Hillary falou principalmente das mulheres, pois seu propósito ali era anunciar um adicional de US$ 80 milhões para a prevenção vertical do HIV. “Estamos empenhados em erradicar a transmissão do HIV da mãe para a criança até 2015. Já investimos mais de US$ 1 bilhão para esta meta ao longo dos anos. Acessamos mais de 370 mil mulheres no mundo no primeiro semestre deste ano fiscal e esperamos acessar mais 1,5 milhões de mulheres até o próximo ano”, anunciou a secretária de Estado, acrescentando “toda mulher deve ser capaz de decidir quando e se quer ter filhos. Isto é verdade se ela é HIV-positiva ou não. E eu concordo com a forte mensagem da Cúpula de Londres sobre Planejamento Familiar no início deste mês. Não deve haver controvérsia sobre isso. Nenhuma”. O discurso em inglês de Hillary, na íntegra, pode ser acessado na página da secretaria de Estado norte-americano, bem como o vídeo de seu pronunciamento.

Hoje, parece que a marcha sobre Washington foi para lembrar, não apenas aos EUA, mas aos governantes de todo o mundo, que apesar da falta de recursos a sociedade civil ainda está viva. E em alerta. E pronta para cobrar-lhes as promessas.

Participo de AIDS 2012 por indicação da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (RNP+ Brasil) para compor a delegação oficial brasileira, com recursos do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Um comentário:

teresinha Pinto disse...

Bom, e como se previne a Aids vertical sem investimento na prevenção, em educação preventiva? deveríamos lembrar de onde vêm os bebes? mesmo colorido,o discurso não disfarça o puritanismo americano! Salve nóis que há 26 anos distribuimos gratuitamente o preservativo.Parabens pela cobertura, vc é o unico as usual, a dar noticias e se preocupar com os mortais que aí nao estão!
teresinha Pinto