terça-feira, 17 de julho de 2012

Deception or hope never dies

Estou arrumando as malas. Embarco à noite para Washington, D.C., onde participo da XIX International AIDS Conference – AIDS 2012. Estava bastante esperançoso com esta conferência, que não acontece nos EUA desde 1990. Minha esperança era que fosse anunciada uma nova descoberta contra a AIDS, como aconteceu em 1996 em Vancouver, no Canadá, e que o presidente Barack Obama participasse da cerimônia de abertura, dia 22. Afinal ele está em campanha eleitoral e pouco antes da Conferência de Viena, realizada em 2010, os EUA retiraram as restrições para a entrada de pessoas vivendo com HIV/AIDS no país, facilitando a realização desta em Washington.

Mas acabo de ler no The Washington Times que Obama será representado pela secretária de Estado Hillary Clinton e a secretária de Saúde e Serviços Humanos Kathleen Sebelius. O ex-presidente Bill Clinton e a ex-primeira-dama Laura Bush falarão na conferência e suas presenças foram confirmadas anteriormente, como a de Bill Gates e sir Elton John, por exemplo. A Fundação Clinton financia a aquisição de medicamentos de comunidades africanas e pesquisas de vacinas contra o HIV; no governo George W. Bush foi lançado o Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS (PEPFAR, na sigla em inglês). Segundo o jornal, a proposta de orçamento de Obama para 2013 não contempla o PEPFAR, mas a Casa Branca reafirmou seu empenho no combate à AIDS.

O Brasil não deve ser bem recebido em Washington, avalia Pedro Chequer, coordenador do UNAIDS no Brasil, em entrevista publicada no blog do jornalista Roldão Arruda. Para Chequer, ex-diretor do extinto Programa Nacional de DST/AIDS (atualmente Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais), o país, que teve destaque em outras conferências pelo “pioneirismo das políticas públicas de prevenção ao vírus e tratamento da síndrome [...] vem perdendo a vanguarda na área de prevenção”, devido ao sucesso de grupos religiosos que têm influenciado decisões governamentais contrárias à difusão de informação correta sobre saúde pública às populações mais vulneráveis à infecção pelo HIV.

Fui indicado pela Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (RNP+ Brasil) para compor a delegação oficial brasileira que participará da conferência, com a missão específica de informar a rede sobre minhas impressões das sessões plenárias, das apresentações de trabalhos, do que eu ver. Vou tentar fazer isso por aqui e pelo meu twitter, pois o site da RNP+ Brasil está sendo reformulado.

Ontem, o laboratório Gilead Sciences anunciou que os EUA liberaram o antirretroviral Truvada para profilaxia para reduzir o risco de infecção pelo HIV, segundo informações da Agência Reuters. Um dia antes do início de AIDS 2012, o Brasil inaugura fábrica de medicamentos antirretrovirais em Maputo, capital de Moçambique, na África. A propósito do tema da conferência – “Revertendo a Maré em Conjunto” –, a Sociedade Internacional de AIDS (IAS) e a Universidade da Califórnia (UCSF) lançaram a Declaração de Washington, D.C, para acabar com a epidemia do HIV/AIDS, e que colhe assinaturas online. Por isso, como anunciei no título, apesar da decepção com a ausência de Obama e o que ela pode significar para o combate à epidemia não apenas nos EUA, mas em todo o mundo, a esperança nunca morre.

Um comentário:

Evandro Almeida disse...

É muito bom saber que nosso Brasil esta sendo muito bem representado pela sociedade civil por alguém extremamente capacitado e envolvido pela causa.
Parabéns paulo!