sexta-feira, 9 de maio de 2008

Portugal dá tom dramático à campanha de aids

Em outubro do ano passado, os cinemas e a TV portuguesa exibiram o filme “5 razões para não usar preservativo”. Escrito, produzido e realizado pela Monomito Argumentistas para a campanha de uso do preservativo do Alto Comissariado da Saúde de Portugal, o roteiro coloca uma boa dose de realismo para sensibilizar a população para o uso da camisinha.



As razões para o não uso do preservativo: corta o momento, tira o prazer, é desconfortável, é difícil de colocar e reduz a sensibilidade, são colocadas com cenas que fazem analogia às razões. O momento é o da paixão de um casal que se entrega ao desejo depois de uma romântica fondue de chocolate com vinho.

O desconforto é associado ao momento em que uma jovem mulher recebe o diagnóstico positivo para o HIV. A dificuldade de colocar é associada àquela pela qual passam muitas das pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) na hora de tomar o medicamento.

Duas cenas ficaram soltas: a associação da coleta de sangue ao suposto desprazer por usar o preservativo e a que o ator Bruno Nogueira interpreta um doente de aids à beira da morte, cheio de sarcomas espalhados pelo corpo, associada à redução da sensibilidade.

A maioria dos 54 comentários sobre o filme, na página da Monomito no You Tube, elogiam a produção pela sensibilidade, violência e realismo, basicamente. Ao final, o filme pede ao telespectador que pense duas vezes, que se aventure e use o preservativo.

Apesar do tom dramático que a música dá ao filme, minhas restrições vão apenas para as cenas já descritas. Não que seja impossível encontrar, nos dias de hoje, um doente de aids à beira da morte no estado mostrado, mas é difícil. Essa não é mais a cara da aids. Mas os portugueses foram sensibilizados.

5 comentários:

Unknown disse...

me atrevo a concordar com você. os tempos mostrados na peça para nós são outros. mas que a peça é bem feita é.
me pergunto até quando as pessoas precisarão de ver a dor para viver com prazer. estranha a natureza humana, não acha?

Paulo Giacomini disse...

é essa a discussão, Wildney. Até quando as pessoas vão precisar ver a dor do outro sem que se sensibilizem para a possibilidade de aquela dor também venha ser a dela? Ou seja, até quando a aids pode ser um risco para o outro e não para o eu?

Unknown disse...

enquanto a sensibilidade não partir de cada um, existirão essas campanhas para "amendrontar" conscientizando.

naimesilva disse...

o video é bem feito sim, mas apelativo e depois nem pra todas pessoas ele é verdadeiro. Pra mim e meu namorado por exemplo, ja teve situações em que pra nos dois na hora de transar usar a camisinha foi melhor do que sem. Foi mais confortavel pra nos dois.Então generalizar é complicado, porque a afiramtiva de não sentir sensibilidade não serve pra todos.

Seria legal uma campanha que pegasse uma situação como a minha e de meu noivo, onde transar de camisinha é mais confortável do que sem, pincipalmente pq ele tem pau grande e a justificativa de alguns homens é que aquele que tem pau grande é ruim usar preservativo e é como chupar bala com papel. Há alguns anos atras com outro namorado, acordei no meio da noite em que ele estava a penetrar de surpresa, levei um susto pq achei que ele estava sem camisinha e na verdade ele tinha colocado e eu não senti. Então é muito tb do que passa em nosso imaginario sobre o uso do preservativo. Mas gostei das suas criticas Paulo. Será que termos algum portugues a fazer comentarios aqui? So não vale o Nuno que comunga com nossas ideias...ehehehehe

maria vital disse...

Olá

Vim parar ao seu blog porque percebi que tinha o nosso Tempo de Janela aqui linkado. Obrigada pelo seu gesto

Antes de comentar o seu post, quero dizer-lhe que o nosso blog não tem pretensões de ser algo técnico ou muito sério, apesar de sermos pessoas sérias :) ou outra coisa qualquer. É uma janela aberta para falarmos de nós que amamos a vida apesar de sermos seropositivos e o facto de o sermos não é uma obsessão um peso um problema ou uma fatalidade.

Isto tudo para lhe dizer...que não nos leve muito a sério :) porque não temos linha editorial, quando muito temos linha anarquista onde cada um faz o que quer e escreve o que quer :))

Agora vamos lá ao post e ao filme de que fala.

E apenas duas palavras lhe digo, eu que sou portuguesa : Concordo consigo!!

Já critiquei este filme que considero completamente inadequado para estes tempos, cujos objectivos se é que os tem, não convenceram ninguém. Como você mesmo diz, aquela já não é mais a cara da aids (sida cá em Portugal), e isso as pessoas já sabem.

Vou ler mais um pouco e sentar-me em sua casa. até já

abraço