terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Repelente já!

O Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde divulgou, no final da tarde de segunda-feira, nota técnica nº 05/08 com “orientações sobre o uso da vacina contra Febre Amarela (FA) em pessoas que vivem com HIV e doentes de Aids”. Bem vindo, o documento esclarece a maioria das dúvidas mais freqüentes das pessoas vivendo com HIV e aids em relação ao que o país tem passado nas últimas semanas com referência à doença.
Quais seriam essas perguntas? “O que fazer se não puder tomar a vacina? Pessoas vivendo com HIV e aids (PVHA) podem/devem tomar a vacina? Quais seriam os problemas decorrentes da baixa de CD4 em PVHA que tomaram a vacina?”
A FA é causada pelo Flavivirus; a vacina contra a doença é produzida com o vírus vivo da família da Flaviviridae atenuado (com carga viral mais baixa). Pessoas com “deficiência imunológica associada ao HIV têm risco mais elevado de desenvolver complicações após administração da vacina contra FA (complicações pós-vacinais), assim como pode apresentar resposta imunológica protetora menos consistente do que a população geral”, diz a nota. Assim, a administração da vacina em PVHA “deve ser condicionada à avaliação médica do risco-benefício para o paciente”.
O “Consenso 2008”, que traz as recomendações para o tratamento anti-retroviral em adultos, indica que a vacina contra a FA pode ser recomendada para PVHA, “sempre levando em consideração a condição imunológica do paciente e o risco de transmissão definido pela sua situação epidemiológica local, podendo ser indicada para pacientes assintomáticos que tenham contagem de Linfócitos T CD4+ células/mm³ maior ou igual a 200 células/mm³”.
Não é recomendada a administração da vacina contra a FA em PVHA sintomáticas, independentemente “da contagem de Linfócitos CD4+, e em assintomáticos que apresentam contagem de Linfócitos CD4+ inferior a 200 células/mm³”. Nesses casos, deve-se adiar a administração da vacina até que um grau satisfatório de reconstituição imune seja obtido com o uso de terapia anti-retroviral, “proporcionando melhora na resposta vacinal e redução no risco de complicações pós-vacinais”.
Assinada pela Unidade de Assistência e Tratamento do PN-DST/Aids, a nota poderia ter passado por um pequeno tratamento na Assessoria de Comunicação. Não foram respondidas perguntas como o que as PVHA podem fazer para viver ou se deslocar para as áreas em que a imunização da população foi intensificada. E, embasada no consenso, o ideal é que as PVHA que estejam com contagem de CD4+ acima de 200 células/mm³ tomem a vacina? O que será feito quando os níveis de CD4+ dessas pessoas baixarem, uma vez que o vírus, mesmo atenuado pode ser suficiente para infectar sistemas imunológicos com contagem de CD4+ inferior a 200 células/mm³?
O ideal seria que PVHA não tomassem a vacina. Mas precisaríamos de compostos de citronela para afastar insetos. Repelente já!

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